Um estudo do Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE mostrou que a dor em pacientes do sexo feminino é tida como menos genuína e a sua situação clínica considerada como menos grave e urgente do que a dos homens. Chama-se “Os enviesamentos de sexo nos julgamentos sobre dor lombálgica” e teve como objectivo identificar factores que influenciam os julgamentos de dor dos doentes. A amostra utilizada foi composta por 205 estudantes de enfermagem e os resultados mostraram que os estudantes de enfermagem do sexo masculino efectuam mais enviesamentos de sexo nos julgamentos sobre a genuinidade da dor apresentada pelo/a paciente do que as estudantes do sexo feminino. A responsável por este estudo, Sónia Bernardes, denota que “embora as mulheres reportem sentir mais dores que os homens ao longo das suas vidas, as suas dores são frequentemente desvalorizadas, sub-diagnosticadas ou sub-tratadas comparativamente com as do sexo masculino”. De acordo com a investigadora, “existem razões para crer que a discriminação da mulher com dor comparativamente com o homem não é um fenómeno universal, mas sim dependente de pistas contextuais.”
Significa isto que temos todos de reflectir como discriminamos nós, técnicos de saúde, em função do género, mesmo com todas as boas intenções de tratamento médico, pois até no diagnóstico e na escuta activa podemos diferenciar homens e mulheres.