Archive for Junho, 2008

De novo os grupos de risco…E o risco dos grupos!

No VIH/SIDA falar de grupos vulneráveis à infecção, grupos com vulnerabilidades específicas, ou os grupos de risco que a prevenção tanto tenta e tentou combater, traz o risco da estigmatização de certos grupos sociais…Mas do ponto de vista da epidemia - fará sentido? E a prevenção generalizada atingirá alguém?

No Jornal o Público, de dia 9 de Junho de 2008:

Pela primeira vez desde o início da doença, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admite que o risco de uma epidemia global de sida entre os heterossexuais deixou de fazer sentido. A excepção é o continente africano, onde em países como a Swazilândia 40 por cento da população adulta está infectada.
Na edição de ontem do jornal britânico The Independent a OMS reconhece que a estratégia global usada pelas principais organizações de combate à doença poderá ter errado o alvo. O epidemiologista que encabeça o combate ao vírus do HIV na OMS, Kevin De Cock, afirma que a forma de olhar a luta contra a doença se alterou. Se até agora o vírus da sida era considerado uma ameaça à generalidade da população, neste momento reconhece-se que, fora da África subsariana, se pode voltar a falar de grupos de risco, ou seja a aposta da prevenção deve ser feita entre os homens que têm sexo com homens, utilizadores de drogas injectáveis ou entre prostituta(o)s e seus clientes.
É muito pouco provável a existência de uma epidemia entre os heterossexuais de outros países [que não os africanos], afirmou Kevin De Cock. Há dez anos muitos defendiam que haveria uma epidemia generalizada na Ásia com a populosa China no centro das preocupações. Isso já não é provável. Mas temos de ser cuidadosos. Poderá haver alguns surtos nalgumas áreas, admite.
Em 2006, o relatório do fundo global das Nações Unidas para o combate ao HIV, malária e tuberculose alertava para a situação alarmante da propagação da doença na Rússia, onde um por cento da população estava infectada. Apesar dos números serem semelhantes aos registados em 1991 na África do Sul onde o vírus atinge já 25 por cento da população Kevin de Cock desdramatiza: “Acho pouco provável que haja uma grande propagação da doença entre os heterossexuais. Mas haverá certamente alguma”.
O relatório conjunto da OMS e da ONUSida, publicado este mês, é bem revelador do impacto da doença no mundo, onde há 33 milhões de pessoas infectadas com o vírus, das quais 2,5 milhões são novas infecções. Nos países em desenvolvimento estima-se que existem cerca de 9,7 milhões de pessoas a precisar de tratamento anti-retroviral, mas apenas três milhões conseguem tratamento.
Em Portugal  que continua a bater recordes europeus no número de infecções anuais por milhão de habitantes a principal forma de propagação do vírus é através das relações heterossexuais. É por isso com alguma cepticismo e cautela que os clínicos reagem a esta mudança na forma de encarar a propagação da doença..
Esta mudança de discurso é o desdramatizar da catástrofe no número de novas infecções que se previa há alguns anos em países como a China. Afinal não vamos ter um cenário tão negro, explica José Vera, responsável pela unidade de tratamento de HIV/sida do Hospital de Cascais. Mas isto não quer dizer que a situação não se vá alastrando, alerta o especialista. A via heterossexual será sempre o reservatório futuro da infecção pelo HIV, diz o especialista.
O mesmo defende o responsável pelo Laboratório de Virologia do Hospital Egas Moniz, lembrando que em Portugal as relações sexuais entre heterossexuais continuam a ser a principal forma de contágio, alerta. E acrescenta que é fundamental apostar na informação e formação.
Kevin de Cock diz que a grande aposta da prevenção da doença deve ser feita junto dos principais grupos de risco
(Público - 09.06.2008 )

Cancro do Colo do Útero

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Registados 1090 novos casos por ano de Cancro do Colo do Útero
Estudo da Escola Nacional de Saúde Pública

Portugal regista anualmente 1090 novos casos de Cancro do Colo do Útero, um número que poderá baixar cerca de 76% com a vacinação das mulheres contra o Papilomavirus Humano (HPV), sustenta um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública.
O Cancro do Colo do Útero custa ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) 27,1 milhões de euros por ano, as lesões pré-cancerosas sete milhões e o diagnóstico e tratamento dos condilomas genitais 5,4 milhões.
Estes dados constam de um estudo feito pela Escola Nacional de Saúde Pública, sob coordenação de Carlos Costa, apresentado publicamente no âmbito da 160ª reunião da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, que decorreu no passado fim-de-semana em Viana do Castelo.
Por ano, em Portugal, e além dos 1090 novos casos de Cancro do Colo do Útero, registam-se também 7030 novos casos de lesões pré-cancerosas (Displasias Cervicais) e 9049 novos casos de Condilomas Genitais.
Segundo o investigador, citado pela agência Lusa, a vacinação e o rastreio permitirão reduzir em 76% a mortalidade, em 60% os casos de Displasias Cervicais moderadas e graves, em 32% as Displasias Cervicais ligeiras e em 89% os Condilomas Genitais.
O Cancro do Colo do Útero mata uma mulher por dia em Portugal.

ALERT Life Sciences Computing, S.A.